SOBRE NÓS

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O que é este site e as pérolas musicais que ele apresenta*.

Sou Valquíria Maroti Carozze. No meu mestrado, defendido no Instituto de Estudos Brasileiros, da Universidade de São Paulo, cuidei da trajetória profissional de Oneyda Alvarenga, brasileira nascida em Varginha, Minas Gerais (1911-1984). Entre várias atividades e talentos, foi musicóloga e idealizadora dos concertos musicais apresentados neste site.

Você pode ler o livro Oneyda Alvarenga: da poesia ao mosaico das audições, ou também, o mestrado, no banco de teses e dissertações da USP, A Menina Boba e a Discoteca.
O texto é o mesmo.

Oneyda Alvarenga foi diretora da então Discoteca Pública Municipal, escolhida para a função pelo escritor Mário de Andrade.
Nas vertentes científicas, ela era especialista nos terrenos da etnologia, musicologia, musicografia, folclore musical brasileiro. No anexo A do meu livro, entre as páginas 411 e 424, (ou 339 e 351 do mestrado online), vemos que críticos estrangeiros e brasileiros fizeram substanciais elogios a seu trabalho.
Leia. Aproveite que o texto está disponível…

Mas o que reservo aos ouvintes/leitores – e que considero a pérola que Oneyda tão generosamente nos deixou, a todos e de graça, foi seu trabalho magistral na área da história da música: aulas ilustradas pelos impagáveis concertos de discos.
Não é lugar, aqui, pra me ater a detalhes – pra isso já existe o livro…
Mas é preciso explicar uma circunstância a que o revés da história da Discoteca de São Paulo levou Oneyda Alvarenga a exibir audições públicas.

A discoteca, criada em 1935, fazia parte do departamento de cultura da cidade, sob direção do escritor Mário de Andrade. A princípio, seria o repositório e celeiro – partituras e gravações - para compositores eruditos brasileiros. Esses revezes mudaram o foco do acervo de gravações, passando a ser mais procurado por pessoas leigas em música.
Além, disso, englobada ao projeto estava a idealizada rádio-escola.
Essa rádio educativa visava oferecer programas de educação musical, entre outras muitas programações culturais, de que não falarei aqui.
Porém, por motivos burocráticos e econômicos, a rádio nunca pôde existir. Então, permanecia a lacuna de serviço de formação musical.
E o que aconteceu, então?

Oneyda Alvarenga teve de assumir a disseminação do conhecimento da história da música ao público, já que era considerada por Mário de Andrade a melhor aluna nessa área.
Semanalmente, ela montava audições gratuitas, no ambiente da discoteca, à noite.
Ela lia textos de sua própria autoria – e à vezes, de seus colegas – e punha a tocar as gravações, numa exibição de 1 hora
Como ela fazia isso?
Convido à dupla ação de ouvinte e leitor, a quem ama música erudita (para navegar neste universo acesse Todos os concertos E mais ainda a quem não está habituado com ela.
Foi a parte mais grata, quando fiz minha pesquisa.
E quero que você refaça o meu caminho, como forma de conhecer o prazer que descobri como um prêmio, em 2010, ao fazer a transcrição dos textos de Oneyda e, nas interrupções da tarefa, ouvir as gravações da internet.

As gravações que ela escolheu não são mais do que deliciosas ilustrações de seus textos.
É por isso que aconselho você a ler, ou escutar o texto antes de ouvir as músicas de cada concerto de discos. A música vem como uma coroação do paciente e longo trabalho de Oneyda – e, aí, a gente entende o que foram a trajetória e os motivos dos compositores, ao longo do tempo que nos pertence. Por isso o subtítulo do meu livro cita o “mosaico das audições” na reconstrução da história da música.

E, da mesma forma, se entendem os motivos e os propósitos da Discoteca de São Paulo. Oneyda Alvarenga poderia continuar infinitamente montando e remontando seus concertos tempo afora, porque a música se reinventa como a vida.

Observações:

Dos 99 concertos/programas de Discos recuperados no Acervo Histórico, apenas 36 deles
trazem o texto de Oneyda Alvarenga. Infelizmente, até o momento, não foi possível resgatar o texto dos outros 63 concertos, dos quais consta apenas o programa. Neste site, incluímos os textos referentes àqueles 36 concertos. Em cada página destes 36 concertos, você encontrará o texto escrito por Oneyda antes da execução de cada música e, ao final da página, a audição integral da leitura do texto.

O número de obras pode aumentar, caso as músicas não encontradas na internet à época da elaboração do site venham a ser recuperadas.
Ao todo, são 299 gravações, somando mais de 100 horas de audição.
É bom observar que Oneyda sempre limitou os concertos de discos a 60 minutos.
Mas aqui neste site, por algumas vezes, decidi manter a composição de começo ao fim. Ou seja, o tempo dessas audições apresentadas no site é bem maior do que o tempo das gravações executadas por Oneyda Alvarenga.

Vale também lembrar que nos textos datilografados e reproduzidos pelo Centro Cultural São Paulo se veem informações sobre regentes; intérpretes; arranjadores, etc. Dados que, por vezes, Oneyda Alvarenga incluía no final do texto.
Suprimi essas informações nas minhas transcrições, para não causar confusão – porque muito raramente as gravações usadas pela musicóloga, nos anos 1930 e 1950 serão as mesmas que você ouvirá aqui.

Links relacionados:

Oneyda Alvarenga e Seus Concertos de Discos - Série de 20 programas produzida pela Rádio Cultura FM de São Paulo e fundamentada nos programas e textos originais trabalhados no mestrado A Menina Boba e a Discoteca.

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* Música de fundo no áudio do texto: Bach - Concerto em Ré menor BWV 596, arranjo para órgão sobre o concerto opus 3, n. 11 de Vivaldi para dois violinos e orquestra (L’estro armonico)