170º Concerto: Dukas e Schubert

26 de dezembro de 1957
Sem público*

1ª parte

Paul Dukas, (França, 1865-1935), L'Apprenti Sorcier

O compositor francês Paul Dukas nasceu em 1865 e faleceu em 1935. Seus estudos de música foram feitos no Conservatório de Paris, onde ingressou em 1882 e teve como professores Dubois e Guiraud. Foi professor de composição, desse mesmo Conservatório.
Tendo recebido influências várias, Paul Dukas soube acomodá-las à sua própria personalidade, criando uma música perfeitamente individual, em que o estilo claro e polido se manifesta através de grande firmeza técnica e maestria no tratamento orquestral. "Toda a música de Dukas - comenta Jean Aubry – é animada por um desejo constante de movimento. (...) Nenhuma outra música afirma mais decisivamente o prazer do movimento. (...) Todavia a animação não é febril. Embora moderna, sua música escapa à inquietação de nossos dias. Não há nada mais sereno, apesar da sua vida prodigiosa. Suas páginas se nos revelam em todo o esplendor de sua frescura e assumem já, sob certos aspectos, a tranquilidade das coisas do passado".
Das obras de Dukas, cujo número é relativamente pequeno, as mais importantes são as duas óperas "Ariana e Barba Azul" e "La Péri". "O Aprendiz de Feiticeiro", que abre nosso concerto de hoje, é anterior a essas óperas. Composto em 1897, marcou o sucesso internacional de Dukas. Dukas chamou a essa obra de "Scherzo", não porque ela obedeça à forma musical do Scherzo, mas em razão do sentido original da palavra, que é o de "brincadeira".
"O Aprendiz de Feiticeiro" baseia-se numa célebre balada de Goethe, cujo assunto é mais ou menos este:
Aproveitando-se da ausência do mestre, o discípulo de um velho feiticeiro quis pôr em prática alguns dos ensinamentos recebidos. Sabedor dos efeitos mágicos que certas palavras produziam sobre uma vassoura encantada, ele as profere. Incontinenti, a vassoura começa a executar as suas ordens, enchendo baldes de água e despejando-os no laboratório do feiticeiro, para lavá-lo. Quando a água depositada no laboratório já estava quase a inundá-lo, o malogrado aprendiz percebeu, aflito, que não sabia a fórmula mágica que obrigaria a vassoura a interromper a sua faina. Num ímpeto, toma de um machado e parte a vassoura em dois pedacos, piorando ainda mais a situação: cada uma das partes em que a vassoura foi dividida trazia baldes d'água, contribuindo assim, em dobro, para inundar ainda mais o laboratório, já quase totalmente submerso nas águas. Nesse instante surge providencialrnente o velho mestre que, com uma só palavra, num abrir e fechar de olhos, faz parar o vassoura e repõe tudo em seus lugares.
A descrição musical é conduzida com clareza e vivacidade. "Dukas demonstra sua excepcional capacidade descritiva nesta obra. A música viva retrata os detalhes da história, que uma vez conhecida, poderá ser acompanhada sem dificuldade, pelo seu desenvolvimento musical".
A peça é iniciada com um ar de mistério, e o tema nos violinos sugere o aprendiz de feiticeiro. Uma passagem nas madeiras lembra o ousado rapaz proferindo as palavras mágicas à vassoura. São os fagotes que descrevem os movimentos da vassoura, nos seus vai-véns da fonte, com os baldes, e sua atividade redobrada ao ser bipartida pelo machado.
Entretanto, Dukas emprega o argumento apenas com um intuito de pitoresco e a peça vale não pela sua descrição feliz, mas pelas suas qualidades intrinsecamente musicais.

Paul Dukas, (França, 1865-1935), L'Apprenti Sorcier



Duração: 11:17

2ª parte

Schubert (Áustria, 1797-1828)

1) Sonata em Lá Maior, op. 162, (violino e piano)



Duração: 22:58


2) Fantasia em Dó Maior, op.15 (Wanderer)



Duração: 20:24

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* Oneyda Alvarenga assinala, com lápis verde, as letras gigantes: ZERO OUVINTES
E, abaixo, como justificativa, a data: 26-12-957

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