Ouça a leitura desse concerto:
14 de abril de 1955
19 pessoas
1ª parte
Frédéric François Chopin
“As Sílfides” é o título dado por Diaghilev a um bailado inicialmente denominado “Chopiniana”, criado pelo coreógrafo Michel Fokine sobre um conjunto de breves peças de Chopin orquestradas por Glazunov. A primeira versão do bailado foi apresentada em 1906 e depois em 1908. Após essa segunda apresentação, Fokine – que inicialmente fizera do bailado uma série de quadros pitorescos – mudou completamente a sua coreografia, transformando-o numa espécie de lírico devaneio, sem assunto, em que um corpo de baile essencialmente feminino, em cujos 4 solistas há uma só figura masculina, usa a indumentária criada, por volta de 1830, pela célebre bailarina Maria Taglioni: vestuário branco, de ampla saia, indo até a metade da perna. Por essa circunstância e pelos outros detalhes de sua a coreografia e apresentação, “As Sílfides” constituem o que se chamava no século XIX um bailado branco, com uma sucessão poética de variações solistas, um “pas de deux” e conjuntos.
Além das diferentes versões coreográficas, “As Sílfides” tiveram também grande variedade de cenografia, vestuário e inúmeras versões musicais. Já a última versão coreográfica de Fokine, em 1908, abandonara a versão orquestrada por Glazunov, para usar uma feita por Maurice Keller. E muitos outros compositores se deixaram tentar pela tarefa de transportar para a orquestra a música essencialmente pianística de Chopin: Taneiev, Stravínsqui, Rieti, Britten, Boutnicóf e Gretchannínov. É na versão deste último que “As Sílfides” concluem nosso programa de hoje.
Chopin (Polônia, 1810-1849): Les Sylphides – Bailado
Orquestração de Gretchaninov (Rússia, 1864-1956)
Duração: 25:38
1 - Prelúdio, op. 28, nº 7;
Duração: 01:02
2 - Noturno, op. 32, nº2;
Duração: 07:12
3 - Valsa, op. 70, nº1;
Duração: 01:53
4 - Mazurca, op. 76 (provável erro de datilografia no original: seria op. 67), nº3;
Duração: 01:51
5 - Valsa, op. 64, nº2;
Duração: 03:43
6 - Grande Valsa Brilhante, op. 18
Duração: 05:34
2ª parte
Villa-Lobos
Heitor Villa-Lobos é considerado não só o maior compositor brasileiro da atualidade como um dos mais importantes músicos contemporâneos. Aproveitando-se das características da música folclórica brasileira, Villa-Lobos criou, com elas, obras-primas, que não só lhe asseguraram fama internacional, como realmente despertaram o interesse estrangeiro pela nossa música. Na variada e ampla bagagem artística de Villa-Lobos têm singular importância os 16 “Choros” e as 9 “Bachianas Brasileiras”, e os seus poemas-sinfônicos e bailados. Dentre estes, o preferido do público brasileiro tem sido o “Uirapuru”, composto em 1917, com que hoje damos sequência em nosso programa. O Uirapuru é um pássaro da Amazônia, tido por encantado e portador da boa sorte. Em torno dessa lenda gira o assunto do bailado, assim descrito pelo próprio Villa-Lobos:
"Numa floresta calma e silenciosa aparece um índio feio, tocando uma flauta. Em grupo alegre, surgem as mais belas selvícolas da região do Pará, que, ao descobrirem o índio feio, se decepcionam e, indignadas enxotam-no brutalmente, com pancadas, empurrões e pontapés. Por entre as folhagens das árvores, as índias ansiosas procuram o Uirapuru, certas de encontrarem um lindo jovem. Eis que se ouve ao longe, de quando em vez, alguns trilos suaves anunciando o Uirapuru e irradiando o contentamento em todo aquele ambiente. Seduzida pelo misterioso canto do Uirapuru, surge uma Índia, adestrada caçadora de pássaros noturnos. Ao ver o pássaro encantado, lança-lhe a flecha, prostrando-o por terra. Surpreende-se, porém, vendo-o transformar-se num indígena. Disputado pelas índias, sai vitoriosa a caçadora que o ferira. No auge da disputa, ouve-se o toque fanhoso e agourento da flauta de osso. Temendo uma vingança, as índias procuram esconder o belo selvagem, que é surpreendido pelo índio feio, o qual feroz e vingativo lhe atira uma flecha ferindo-o mortalmente. Pressurosas, as índias carregam-no em seus braços até à beira de um poço, onde, subitamente, se transforma num pássaro invisível. Tristes e apaixonadas, ouvem apenas o seu canto maravilhoso que, pouco a pouco, vai desaparecendo no silêncio da floresta."
Villa-Lobos (Brasil, 1887-1959), Uirapuru – Poema Sinfônico
Duração: 20:56